4.7.08

A febre

"Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta."
(Pablo Neruda)

Só que hoje não vim aqui desenvolver um tema X para alguma revista ou site, eu vim para fazer passar o arder de olhos que um bom poema me provocou.
Sinto que a cada desespero lírico renasço com nova força, chego mais perto da medula que liga a escrita e o sentimento. E como é bom me aproximar, e como é bom me afastar para perceber e novamente me aproximar...
Ou ler, ou escrever, ou sussurrar ao ouvido do silêncio, se não são pedaços da mesma coisa então ainda tenho muito a descobrir, mas só um verso bem bonito de fora pra dentro ou de dentro pra fora é que me faz suar frio assim.
Estou doente de poesia.


_Los Hermanos - "Do lado de dentro"

11 comentários:

Natacha disse...

A quem interessar, o tal poema:

O POÇO

Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

(Pablo Neruda)

Camilla disse...

Poesia é seeeeempre bem-vinda...
É ou não é??

Beijos

Anônimo disse...

querida Natacha,
Ler o que você escreve me emociona muito, pois desde a primeira semana de aula já soube que tinha nas mãos um talento muito grande. Os textos me fascinavam tanto que mal conseguia prestar atenção na ortografia, coesão, gramática, tamanho era o envolvimento com o tema. Você tem um brilho que é só seu, algo que captura o leitor para que peça bis.
É o que torna a vida de mestre tão gratificante, surpreendente.

Fiquei extremamente feliz com seu e-mail, sou grata por saber que de alguma forma contribuí para o desabrochar da sua arte.
Que a sua evolução continue dentro da liberdade da escrita, mantendo esta simplicidade e a sua verdade, que permanecem intocáveis como quando a conheci.
É o meu sincero desejo, com um abraço carinhoso

Professora Lúcia (Poli)

Seu e-mail foi respondido, mas comentei aqui porque é o local adequado, não é mesmo?

Anônimo disse...

Uma outra coisa:
Que coisa linda a poesia de Neruda.
Me sensibiliza muito!

É uma engenheira escritora, ou uma escritora engenheira?

miatrix disse...

natacha querida, nunca te pego online, entao passa ae um email que voce olhe sempre preu discutir Assuntos Sérios com voce? pretty please <3

Tiago Torigoe disse...

E olha que eu nao gosto mto de poesia
mas até eu to fazendo umas esses dias
se vc tá doente de poesia, passa pra mim?

beijaoo linda
saudades!

s2

Chiisana Hana disse...

Doença de poesia pega. E estou mesmo precisando ser contaminada. Há anos deixei de escrever meus versos. Quem sabe se lendo seu blog acabo pegando sua doença?

Alessandra Castro disse...

Lindas palavras mesmo, fortes e verdadeiras na realidade. ;)

Pequena disse...

Preciso pegar a doença da poesia, estou precisando muito escreveer! a um bom tempo naum o pratico o qe axo um grande absurdo! Adoorei seu blog se puder visite o meu, pois estou voltando a atualizar! Beeijos

Francisca Nery disse...

LINDA!
Traz tranquilidade o que você escreve, não sei. Me sinto até uma simples iniciante na escrita ao ver como você a desenvolve de forma tão prazerosa!

Malaguetta disse...

gosto desse poema :D