Tenho - fato - a doença do escrever. Vem sem horário a imensidão de verbos necessitados de evasão, uns coitados. Primo sempre tanto mais pelos adjetivos e seus excessos, é que nasci com a escala defeituosa, sem ponto médio, verão - inverno.
As minhas tristezas todas escancaro em palavra, minhas paixões não têm linguagem mas do mesmo modo nascem: versos sem métrica, dor acumulada e uma urgência que não passa.
Da forma me sobra o inclassificável, só o que digo e ponto, sempre poesia e nunca soneto. Preferiria ser elegante, colecionar vocabulário, crasear certo, decorar as novas da língua portuguesa, mas me coube só o instinto: não procuro os sinônimos e nem finjo simplicidade, escrevo o que lembro. E sinto.
O resto pouco importa, me dá prazer o exagero...Amor amor amor....Três vezes no mesmo parágrafo, é isso. E o gerúndio irritante que não cala: estar escrevendo...
Entender, no infinitivo.
_Regina Spektor - "Lady"