Ela e seu mau-humor passearam a tarde toda, rodaram rodaram o campus e pararam ao pé do abacateiro esperando cair a luz para onde sabe-se-lá. Sentada ali, pensou profundamente sobre todas as idéias que lhe ocorriam por impulso. Exercício de imaginação é acalmar. A história de respirar vagarosamente só a forçava franzir mais a testa, não haveria de funcionar justo ali.
Tanto nervosismo para pouca idade fazia-lhe sondar outras vidas com a inveja fechada nos punhos. Para que haveria de existir tanta gente caminhando com despreocupação enquanto ela, justo ela, sentia o murchar nítido da alma ?Desejava uma fatia de amor mais do que o próprio sossego, desejava companhia. A solidão suportaria bem, sempre suportou. Mas não dividir-se em alguém, para quem a vida toda ofereceu um olhar solícito, seria o fim.
Ao ver espatifar no chão o abacate, levantou-se de súbito, impressionada com a força ríspida nascida de dentro. Iria em frente, sim. Iria ao início do caminho, desobedecer as placas outra vez. A barra das calças sujas de terra levaria de lembrete, 'já estive aqui'.
Calçou o gasto chinelo roxo e foi. Seguiria a pista da natureza: o apodrecer do fruto, carcaça e semente. Deixe estar e ande, tudo renascerá.
_Little Joy - "Play the part"
5.2.09
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5 comentários:
"Meu cachorro comeu meu chinelo. Vou escrever uma coisa triste"
Seu cachorro devia comer chinelos todo dia, Natacha. Benzadeus!
uau.
emudeço.
na vigésima leitura comentarei decentemente.
háhá , euri :D
natacha e suas fans
quando eu t vi achei que tinha cara de quem trepa mas t lendo acho que faz amor
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